segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

O OUTRO PREÇO DO CARNAVAL


Não tenho objetivo de protestar contra o Carnaval. Não. O propósito deste texto é destruir esse espírito de ALIENAÇÃO que usa da ocasião de uma festa ALIENÍGENA para aniquilar da comunidade como um todo, a capacidade de refletir acerca de IMPLICAÇÕES que vão além do PRAZER – que dizem respeito à VIDA.

O brasileiro é conhecido como alguém festivo, alegre e bem-humorado e esse é um patrimônio do qual jamais devemos abrir mão. O Brasil é também o lugar que abriga todas as crenças e crédulos, que recebe com facilidade qualquer importação e tem a capacidade de transformá-la em “samba” nacional. O carnaval é uma destas importações.

O carnaval nasce na Grécia, se dissemina por meio da França, mas a melhor caricatura que possui é a versão da antiga Roma onde tudo era “liberado”, como bem descreve a Wikipédia:

“O carnaval da Antiguidade era marcado por grandes festas, onde se comia, bebia e participava de alegres celebrações e busca incessante dos prazeres. O Carnaval prolongava-se por sete dias na ruas, praças e casas da Antiga Roma, de 17 a 23 de dezembro. Todas as actividades e negócios eram suspensos neste período, os escravos ganhavam liberdade temporária para fazer o que em quisessem e as restrições morais eram relaxadas. As pessoas trocavam presentes, um rei era eleito por brincadeira e comandava o cortejo pelas ruas (Saturnalicius princeps) e as tradicionais fitas de lã que amarravam aos pés da estátua do deus Saturno eram retiradas, como se a cidade o convidasse para participar da folia”(fonte: Wikipédia).

Após o carnaval o “céu” da carne acaba: tudo o que se comeu transforma em dívidas monstruosas, as alegres celebrações tornam-se ansiedade e depressão, o prazer em desgosto, o feriado em trabalho dobrado, os escravos continuam sendo escravos, as orgias em trocas relacionais venenosas, os presentes se tornam negócios caros, o rei da alegria era só de mentirinha e agora é o carrasco da frustração, os cativos da religião que soltaram os pés dos ídolos agora têm que criar novos ídolos para sobreviver ao caos. Tudo o que acabei de dizer ainda impera nos dias de hoje, inclusive o fato dos escravos continuarem escravos, mas cabe a cada leitor fazer essa transposição histórica.

Olhando para os dias atuais, o custo vai além do que se tinha na antiguidade. O número de soropositivos aumenta exponencialmente, nove meses depois muitas crianças nascem órfãs de paternidade(e muitas vezes de maternidade por garotinhas que não têm capacidade de saber o que é ser mãe), uns poucos(bem poucos) ganharam algum dinheiro enquanto a maioria se martiriza nas incontáveis contas à pagar, inúmeras famílias sofrem o impacto de mudanças internas, bruscas e profundas, o meio ambiente geme com desmedida inconsequência dos foliões à beiro d’agua, o uso de drogas(que diga-se de passagem, já é um mal incontrolável) ganha expressivos espaços e adeptos que jamais foram conquistados e, por fim, há uma tremenda alienação política, social e espiritual.

Mas enquanto houver cegueira espiritual, haverá quem defenda que, pelo prazer, devemos sacrificar a vida. E não apenas isto, mas advogará ainda que, já que o "eu e meus amigos" não está na lista dos que festejam e destroem a vida, então culpados são os demais. Tais "advogados" negligenciam princípios importantíssimos:

1. Ver o outro perecendo enquanto você não é atingido pela calamidade do mal e não se indignar contra a maldade é egoísmo. Uma caricatura disso é o dono de boteco que vê o alcoólatra se revolver no bueiro enquanto ele ganha dinheiro vendendo o veneno para o suicída.

2. A sociedade é como um organismo. Se um é ferido todos sofrem. Ignorância é pensar que se a família de beltrano está sofrendo a minha não será atingida.

3. A negligência frente ao mal que consome a sociedade é a degradação espiritual de sua própria alma.

Agora avalie o "custo-benefício" do carnaval.


Paz a todos,

Ilton.

Morada Nova de Minas