terça-feira, 24 de agosto de 2010

DEUS (NO) GARI


Uma das profissões urbanas mais importantes é a de gari. Passo pelas ruas de nossa cidade, Morada Nova de Minas, e observo o trabalho dessa gente que durante toda semana arrasta folhas de árvores, terra, papel de bala, sacos plásticos e muitos, muitos outros objetos, alguns inusitados.

Imagine o que seria de uma cidade se não existisse garis!? Se ficasse a cargo de cada pessoa limpar a rua na frente de sua casa. Em um curto espaço de tempo os urubus não temeriam pousar nos muros, andar nas ruas e nos passeios. Algumas outras profissões, que também são de grande importância, se sobrecarregariam com um peso descomunal. É o caso, por exemplo, dos profissionais da saúde, médicos, enfermeiros etc. E quando os hospitais e postos começassem a formar filas quilometrais o Fórum e os escritórios de advocacia já estariam abarrotados pelas demandas entre vizinhos. Seria o caos!

Apesar da importância, muitos menosprezam a profissão cuja designação provém do nome de Pedro Aleixo Gari. Nosso mundo é capitalista demais para enxergar Deus nas coisas simples e é consumista demais para deixar de ver a si mesmo como deus. Jesus certa vez disse: “Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me.”(Mateus 25:34-36). Com isso Ele afirma que estaria entre aqueles que o mundo rejeita. Jesus é o Deus que está no faminto, no sedento, no sem-teto, no mendigo, no enfermo, no preso, no gari, no árbitro de futebol, no político, no matuto, na criança ou em qualquer um que a sociedade marginaliza e não demonstra amor.

O contrário disso são os consumistas e religiosos que querem fazer de Deus o “gari” pessoal. Quer que Deus limpe a rua da sua existência, tirando deles as enfermidades, os incômodos e tudo que lhes desagrada. Quer fazer de Deus o seu “garçom” particular quando “exigem” que Deus lhes atenda todos os seus caprichos. E quando Deus lhes contraria em suas frescuragens, esbravejam dizendo: “Onde está Deus? Será que Ele não tem poder para realizar um dos meus desejos?”

Deus não é gari, mas está entre os garis que varrem a porta da minha casa, mesmo quando eles não o reconhecem como Deus.
Glória a Deus!

Ilton
Morada Nova de Minas-MG
Igreja Presbiteriana
24 de agosto de 2010

EBI - Morada Nova de Minas


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